terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os Satyros - Roberto Zucco (Teaser)



     Ultima peça escrita por Bernard-Marie Koltès, em 1988. Traduzida e dirigida por Rodolfo de Garcia Vásquez e encenada no espaço os satyros 1, a peça Roberto Zucco mostra a história  um personagem baseado no assassino italiano Roberto Succo, que após ter  matado a sua família e varias outras pessoas a sangue frio virou manchete das capas de jornais da época se tornado um grande mito.
    
     Os personagens são em suma desiquilibrados, mas ao mesmo tempo procuram se mostrar plenos e éticos e sem expor as suas fragilidades e suas necessidades, até que Zucco aparece e os libertam dessa vida padronizada. E através da sua anarquia interior compulsiva que Zucco vira um mito, mito alimenta da sede de liberdade de cada uma das pessoas que o veem.

     A peça podia ter sido levada para um lado mais trágico, mas opção adotada foi por uma linha mais clonwnesca, e isso fez com que o espetáculo tivesse uma ótica diferente e que o público se sensibilizasse mais com a história e com os fatos do que com as cenas em si. Com um personagem como  Zucco, com uma identidade dilacerada e refutável, carregado de subjetiva iniguálavel, pode-se colocar ele em qualquer linha drmática que as pessoas vão se questionar, quem é esse cara? por que ele age assim? e niguém vai saber responder...
    
      O laço que se estabelece ali é tão grande que acabamos virando investigadores, testemunhas oculares de seus crimes, cúmplices, vítimas de Zucco ou assassinos como ele próprio diz, somos aqueles fazem do Zucco um assassino e um herói ao mesmo tempo. Enfim eu me senti um Persival de Souza ambulante(mentira).

     Através do esquema de arquibancada móvel, eu me senti nessa peça como se estive sendo conduzido pelos atores, dominado por eles, era como se eles estivessem falando: vem aqui! Não, agora fica aqui! agora sai daí! Era um lance íntimo, você passeia pelo espaço, sem desviar a atenção para outro lugar que não seja a onde acontece as cenas. Sem falar que é muito cinematográfico também, pois a cada cena busca-se o melhor ângulo, busca ambiente totalmente diferente. A cada andada se pensava: para onde eles vão me levar dessa vez? Teve uma hora que nós estávamos virados para a parede, eu me perguntei: quero vê-los encenarem alguma coisa aqui? E os filhos da puta encenaram, não aconteceu onde eu havia pensado, mas isso que é o legal você não sabe de onde vêm os atores, para onde você vai. A minha arquibancada, por exemplo, estava no inicio do espetáculo em um determinado lugar e terminou em outro lugar completamente diferente.

     É incrível sentir a força camaleônica desse grupo, que consegue vestir uma nova roupagem a cada apresentação. Parece que você está entrando em um local diferente a cada espetáculo e não é só da configuração espacial que estou falando, é da amplitude estética que nasce a cada peça, brincando com diversas linguagens visuais e sensoriais, sempre com uma interpretação impecável dos atores, os satyros é atualmente um grupo impar no teatro brasileiro.

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