segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Parlapatices de um domingo lactoso!





Ontem fui beber o leite inebriante da Vaca de Nariz Sutil!

Parida por Jean Dubuffet, criada nos ransos de "Campos de Carvalho",
contaminada pela Arte Fitosa e circense de Hugo Possolo e sua trupe.
A VACA DE NARIZ SUTIL!
Infelizmente, ela não foi, mas Henrique Stroeter estava lá para interpretar bovinamente a meiguice e a psicopatia desse ser bucólico.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

HIpóteses para o amor e a verdade

Sinopse: Humanos, reais e virtuais, vivendo na megalópole do hemisfério sul, buscam quebrar os muros de suas solidões através do amor, real ou virtual
Texto: Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez
Direção: Rodolfo García Vázquez
Assistente de direção: Fábio Penna
Cenário e Figurino: Marcelo Maffei
Iluminação: Rodolfo García Vázquez e Fábio Cabral
Elenco: Esther Antunes, Gustavo Ferreira, Leo Moreira, Maria Casadevall, Paulinho Faria, Phedra De Córdoba, Tânia Granussi e Tiago Leal.
Realização: Os Satyros
Assessoria de Imprensa: Robson Catalunha
Direção de produção: Erika Barbosa
Quando: Sexta, sábado e domingo, 21h30
Onde: Espaço dos Satyros Um – Praça Franklin Roosevelt, 214
Lotação: 70 lugares
Duração: 90 min.
Classificação: 18 anos

     Geralmente quando você vai assistir algum espetáculo sempre se escuta: Senhoras e senhores, por favor, desliguem seus aparelhos celulares! Mas, no caso dessa peça o que acontece é justamente ao contrário, pedem para deixar ligados os celulares e mais, atende-los durante o espetáculo, pois os atores ligam para o espectador em cena. A peça é diferente não só por isso, mas por muitos outros elementos, como as câmeras filmando o próprio público e as imagens sendo mostradas em um telão, enquanto os atores retratam a sociedade paulistana (isso da uma crise reflexiva, que só quem foi na peça consegue sentir). Esse mesmo telão é utilizado para uma “quarta parede”, não aquela simbólica já usada há um século atrás, mas uma parede não-ficcional (tela-cortina). Ás vezes essa mesma tela modificava o cenário com uma imagem de plano de fundo, ás vezes esse telão transmitia a imagem da “webcam” de um dos personagens que estava em cena naquele momento conversando on-line.

     Esses elementos tecnológicos empregados no teatro fazem com que publico tenha uma percepção diferente do teatro comum, esses elementos fazem também com que os atores representem de uma maneira diferente, obtendo formas de contracenar no palco, eu disse palco? Ah me desculpa no satyros não tinha palco, afinal para que palco quando se tem atores e pessoas criativas que buscam uma nova leitura do nosso tempo?

     O espetáculo trás a tona sentimentos, pensamentos, objetivos intrínsecos que permeiam a sociedade pós-moderna e contraditória em que vivemos. É uma peça que revela solidão, repulsa, sexualidade, sedução, desespero, desejo, e principalmente escondido atrás de todos esses sentimentos o amor, expressado de maneira extramente sinuosa. A peça propõe uma nova ótica para as questões do transexualismo, do homossexualismo e da prostituição através da densidade e complexidade extraordinária dos personagens.

     A peça chega a ponto ser psicótica e sentimental, chocante e natural, cômica e trágica ao mesmo tempo. Sem falar da questão tecnológica já comentada, que é trazida para o palco de maneira muito inteligente, pois permite que o público se sinta dentro da peça. Esses novos meios eletrônicos de comunicação levados para o palco fazem com que o púlbico reflita sobre as mascaras sociais criadas a partir desses elementos através do distanciamento pessoal que eles provocam.

     Eu sai do teatro transformado, com a certeza de ter presenciado um novo formato de teatro, uma nova linguagem, parecia que estava vivendo e vendo a vanguarda do teatro brasileiro, muito comovido com o que eu vi, não só com o conteúdo da peça, mas com a plasticidade das cenas, a entrega dos atores, a forma de abordar os temas, o modo como foi explorado o espaço. Eu poderia citar muitas cenas da peça e falar de cada personagem, dos atores, mas acho o que importa mesmo são as imagens que ficaram gravadas na minha memória e as impressões e emoções que vivi junto com os outros espectadores e atores durante e a peça.


Divagando 1

HIPÓTESES

Eles procuram diversos caminhos,
uns encontram outros não,
uns se perdem, outros se acham,
uns enlouquecem, outros relaxam
uns ficam no meio do caminho
outros parecem já estar no fim.

Alguns parecem manequins,
ocos, surdos e descartáveis.
Mas são seres humanos de verdade!
São Contraditórios, são vaidosos, sem pudor,
De vez em quando sem identidade,
só existem na tela de um computador

Alguns só existem de corpo e não de alma.
Outros só de alma e não de corpo.
Às vezes esse corpo é real,
às vezes é artificial,
às vezes natural,
às vezes virtual,
às vezes há dois corpos em uma só alma,
às vvezes duas almas em um só corpo
às vvvezes há várias almas em um só corpo,
às vezes não tem alma e nem corpo
às vezes esta vivo, às vezes está morto

Mas um só corpo não basta,
o corpo do outro é necessário.

Vários corpos e várias almas
Várias histórias interligadas,
Todos buscando uma verdade.
Onde está realidade?
Na consciência? Na inconsciência?
Na vida criada? Na vida vivida?
No ser humano? No mundo?
Em nada ou em tudo?

O Vanguardiando está no ar!

Através de pensamentos voláteis
queimados por insumos ilegais
e destilados pela inquietude da vida pós-moderna.
O vangardiando está no ar!

Construindo um mosaico onírico e grotesco sem sintonia
na tentativa de curar os frames dionisíacos da minha dislexia
sem medo de procurar o novo e encontrar a nostagia
O vangardiando está no ar!