segunda-feira, 18 de outubro de 2010

“Música Para Ninar Dinossauros”

       No último sábado fui assistir a peça “Música para ninar Dinossauros” que fechou a quinta mostra do “Cemitério de Automóveis” no CCSP. A peça retrata a vida três amigos que se divertem juntos bebendo, usando drogas, escutando boas músicas, transando com prostitutas, exatamente como faziam no passado.

       Os caras são alegoricamente uns dinossauros mesmo, não só porque são velhos, mas porque são seres que parecem mitos de tão distante que eles estão da realidade. Há um momento da peça em que o personagem do Mutarelli fala  “envelhecer é perceber que tanto faz”, para eles tanto fazia mesmo quando eles eram jovens, ou seja, os caras nunca estiveram ligados a nenhum momento histórico, nunca se identificaram com nenhum tempo, nunca se adaptaram aos valores de nenhuma época, por isso são seres jurássicos, parados no tempo.

       Uma coisa interessante da peça é que uma cena não necessariamente leva a outra cena, os diálogos não levam a lugar nenhum, o que permite a liberdade de falar de varios assuntos, assim como os personagens, que não querem chegar a lugar nenhum, eles querem ser eles, viver o momento e desencanar do futuro e de tudo, se colocam fora do que se acontece no mundo. É muito louco isso, pois o conflito da peça está nos personagens, mas ao mesmo tempo esses personagens estão “cagando” para esse conflito.

       Foi ótimo poder ver Lourenço Mutarelli e o Paulo de Tharso em cena juntos com o Bortolotto, os caras mandaram muito bem e estavam muito a vontade no palco, teve momentos em que parecia mesmo uma reunião de amigos, às vezes eu duvidava se eles estavam encenando ou se eles curtindo. E foi muito legal poder participar daquele momento e poder refletir mais uma vez o que é o teatro? E parafraseando Vinícius, vendo essa peça e tomando uma cerveja no bar com amigos eu cheguei momentânea conclusão de que:

Divangando 3

Teatro é a arte do encontro!
do encontro de idéias e de ideais
encontro que agrega e que rompe com valores morais.
                                                         
O encontro do  indivíduo com o consciente coletivo
O encontro do ator com seu público reunido,
de um espectador com seu lado mais escondido.
Até mesmo quando não há platéia suficiente
há sempre de se encontrar alguns parentes e amigos
pois essa é a idéia do teatro: o encontro, com os outros,
o encontro, com consigo!


      Vou postar aqui um vídeo que nada tem a ver com peça, mas que muito tem haver com ela: